36º Miniconto - Relatos de uma Certeza

Relatos de uma Certeza

A frente do palco, ele se curva aos possíveis espectadores e movimenta sua mão direita em uma lenta reverência, para então falar:

O que vocês esperam de mim? O que vocês querem de mim? O que devo fazer para me libertar dessa condição sombria que me azucrina? Sou filho do homem, criado por aquele que mordeu a maça e escolheu a morte ao invés da eternidade. Sou um guerreiro pálido, que anda com minha adaga gelada a tirar vidas, sem, no entanto, poder beber o sangue da morte, o sangue do dia... E não me venham, perdidos em seus cantares agoniados, clamar piedade quando chegar à hora, pois eu nem existia e vocês me inventaram e decidiram que após o nascimento eu seria a única certeza. 

Não reclamem, não implorem... Pois mesmo o grito da criança já não chora. O engraçado, é que todos são valentes e me ignoram, e me esquecem até o último momento, quando não amadureceram as ideias e se desesperam... Fracos e tolos que me usam de escape, que me tornam seguidamente a justiça e em vermelho clamam vinganças e matam ou induzem a matar ou se escondem em sentimentos assassinos de um olhar clinico ou empresarial ou puramente inocente da maldade humana que lhes é natural.

Mas não se preocupem, no fim eu os visitarei... Visitarei a todos...

Autor: Felipo Bellini Souza            Criação: 25/10/2011         Objetivo: www.felipobellini.com

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