Comemorou-se o natal no
ultimo fim de semana e creio que ninguém há de duvidar disto.
Festejos, comida, árvore, presentes, reencontros, troca de ideias,
notícias, gastos, supervalores. O respeito a uma tradição, que
perdura há séculos dentre ocidentais e cristãos. Data lá do
império romano (falo dos festejos), quando, ainda no mês de
dezembro, seus cidadãos confraternizavam, durante vários dias deste
mês, a confraria e graça de alguns de seus deuses como forma de
adoração e peregrinação. Era celebrada a harmonia entre as
pessoas (e não interessa se se tratava da promoção do Panis et
Circensis)!
E, aí, no decorrer da
História, vieram o nascimento de Cristo, a canonização do Bispo
Nicolau (São Nicolau) e todas aquelas histórinhas que já se sabe e
que se está careca de ouvir.
Nada contra ou que vá
de encontro com o que se prega nas igrejas cristãs ou que se
acredita no ocidente. Não sou pagão ou coisa do tipo. O natal faz
parte dos festejos de fim de ano, que têm como única e exclusiva
finalidade unir pessoas e aflorar sentimentos os quais
geralmente não o são possíveis de ser correspondidos no decorrer
de lá 300 dias. De promover o consumo e a economia, também;
entretanto, isto não vem ao caso.
Natal é calor humano,
é cultura. E, continuando com o que se falava anteriormente, não se
trata apenas de apego à tradição da reunião em família,
refrigerante, suco, cachaça ou peru assado sobre a mesa. As pessoas
saem nas ruas e usufruem de toda uma programação, pública, por
sinal. Uma agenda à serviço do público, colocada por entidades de
interesse, governos, empresas de eventos ou estabelecimentos locais.
E há sempre quem saia ganhando com isto: a população. P.S.: Óbvio!
A maioria se organiza
em prol de uma causa, cristãos ou não. Mas, não foi o que se viu
este ano aqui na terra que leva o nome do natal. A promessa de um
“Alto de Natal”, a ser realizado na praça cívica do campus da
UFRN, Lagoa Nova, ‘furou’ com o povo e se transformou no tal
“Presente de Natal”. Presente de Natal, por causa da aliança
política entre a administração estadual e municipal... Muito aquém
de um “Alto de Natal” dígno ao natalense. P.S.: O Presente de
Natal é de iniciativa do Governo do estado do RN.
Muita gente
reflete que Natal (a cidade) era para ser a capital brasileira do
natal. A cidade com a maior árvore, com o maior número de atrativos
e eventos de fim de ano, mais enfeitada, mais o que se pensar;
cativar o interessa dos ‘de fora’ em vir aqui a passeio e ter
motivos para voltar (e, se possível, comemorar o seu natal e o
reveillón). Mas, não! Optou-se pela mediocridade... P.S.: Não.
Aquilo que estão organizando lá na Praça Cívica do centro NÃO
substitui estes atributos.
Natal (a cidade) tem
definitivamente NADA de atrativo inteligente para fim de ano. Nem
para o natalense, nem para quem vem para cá nesta época do ano. Em
Goiânia, por exemplo, a prefeitura chegou a contemplar com
incentivos no IPTU as residencias a se enfeitarem com decorações e
arranjos, a fim de que a própria o fosse decorada fazendo uso do seu
maior patrimônio – a população. Gramado, no Rio Grande do Sul,
investiu pesado em enfeites luminosos, em uma gigantesca árvore
superenfeitada, em máquinas de fazer neve e em corais que, em
horários marcados, todos os dias, apesentariam-se em diversos locais da
mesma. Isto é maravilhoso! É o que atrai os olhares do resto do
mundo para elas (e o turismo, ao invés de causa, cai por terra como
conseqüência).
Aqui, na capital
potiguar, até a História se passa por equivocada! Do próprio nome
aos idos de sua fundação e todo um conjunto de ‘regras’ por
trás disto tudo justificam o seu batismo tal qual a conhecemos
hoje. Falo de cultura e eventos históricos e isto tem que ser
valorizado.
Não fomos Nova Amsterdã por acaso (que, também,
foi o mesmo nome dado a Nova Iorque durante a ocupação Holandesa
por lá)! A propósito, Nova Iorque foi a cidade que inventou e
reinventou o natal tal qual o é nos dias de hoje. Gramado e Goiânia
pouco têm a ver com o natal, do ponto de vista histórico. Contudo,
fazem a sua parte.
Vez por outra, ouço
nas rádios um jingle que ousa dizer que o natal desta capital é o
maior do Brasil. Por que?
Mesmo que o natalense (e não
natalino, tal qual se credita mundo afora...) não acorde para tal,
que não aprecie este momento como de costume, apesar disto tudo ou
mais, ele não merece a escuridão a que lhes fora dada de
presente neste fim de ano.
Foi como se esta
ausência, por parte de nossa iniciativa pública, atingisse
diretamente o sentimento natalino das pessoas dentro de suas próprias
casas. Dirigindo nos bairros residenciais daqui da capital, deu um
aperto no coração vê-las tão desertas e escuras, como nunca havia
visto, em mais de 20 anos de radicação. Justo na noite de natal...
Parecia um dia comum como um outro qualquer. Uma noite de domingo,
bem no horário do Fantástico, da Globo!
De certo, pelo menos eu
acredito que uma cidade que se auto promove em algo, naturalmente,
motiva seus cidadãos a fazê-lo, também. O Carnatal é a maior
prova disto (não é preciso dizer mais nada, né?!). Por que não o
natal?
Por: Andesson Amaro Cavalcanti
Em: 27/12/2011
Objetivo: www.LigadosFM.com
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