Cultura Popular Não é Alternativa
A última da semana
passada foi uma série de questionamentos acerca de Michel Teló e a
associação de sua imagem à cultura popular brasileira. E quem foi
que disse que ele não faz parte da cultura popular brasileira? As
pessoas pensam que MPB é um estilo musical... Não o é! Trata-se de
um rótulo, que propõe definir como artistas populares os músicos
mais presentes nas paradas de sucesso, no topo das listas dos discos
mais vendidos, nas novelas, filmes, carros de som que passam nas
avenidas. Mais assistidos no You Tube ou baixados no iTunes, hoje em
dia...
Acontece que há uns 20, 30, 40 anos, faziam sucesso
estes que hoje consideramos “os homens eruditos” da música
brasileira. Chico Buarque, Caetano, Gil, Bosco... Eles eram
populares, tanto quanto o Michel Teló, o Luan Santana ou Aviões do
Forró. Estes últimos, apesar de serem do sertanejo e do forró, são
tão populares quanto os roqueiros dos Titãs ou da Legião Urbana na
década de 1980. São MPB, sim.
É o que o público
deste Brasil tão moderno dos dias atuais tem exigido das lojas de
disco e das FMs. Ou será que ninguém sabe que o Samba está para o
Jazz como a Bossa está para o Rock? Pois é, assim como Rock N’Roll,
existe Bossa Nova! A Bossa é a Bossa Nova que “evoluiu” e se
permitiu acasalar com outros estilos e ritmos. Com o próprio Jazz,
Tango, Rock e até Samba... Quando ouvimos Djavan, ouvimos Bossa Nova
misturada com alguma coisa, ou seja, Bossa, que, devido à
popularidade de suas músicas, integrou o estrelado dos homens e
mulheres da MPB.
Ele, o Djavan, faz parte da MPB. Não é MPB
(é muito bom lembrar!). Assim como Michel Teló, um cantor da nossa
música Sertaneja, faz parte da mesma MPB. Este ultimo, assim como
aquele primeiro lá, constrói este rótulo, que não se trata de
estilo ou ritmo musical. Tal qual (igualzinho) ao “Axé Music”
(rótulo comercial que identifica grupos e cantores de Samba Reggae e
Samba Rock produzidos pelo cenário musical baiano), “World Music”
ou coisas do gênero.
E por que esta ciência
toda? Não é que estamos aqui fazendo escola de música ou de
cultura, ensinando o que é rótulo ou quebrando tabus das crenças
populares. Pode até ser que sim, mas, o real motivo de aqui estarmos
(além de colaborar com a LigadosFM) é explicar que o que é popular
é o que é do povo. Aquilo que o povo toma para si como sua imagem,
expressão, anseio, vontade, gosto, preferência, comportamento e ou
outros dizeres. Popular significa povo. POVO! Folk, Wolks, Pop, etc.
O povo pediu e pede nas
rádios o Michel Teló. Pede o “Ai se eu te pego” e a aprecia
quantas vezes achar necessário. Conveniente, prazeroso, estimulante
ao cérebro e à alma... É o povo que pede e não a Rede Globo ou a
Revista Época.
Portanto, aquela
matéria de capa desta última está completamente coerente. Cultura
popular advém do povo. Assim como o Aviões do Forró, Garota
Safada, Calypso ou os Funks dos morros cariocas, o estrelato da
música popular brasileira, por felicidade ou não, abriu suas portas
para esta leva de cantores (ou pessoas públicas, como preferir),
atendendo às exigências da maioria imensa do público – o povo
brasileiro.
Porque MPB é feita de
povo, para o povo, e não por e para uma pequena elite de iluminados,
intelectuais e detentores do conhecimento global. Estes últimos,
aqui, valorizam, às vezes, até o inverso do que se tem em cultura
popular, propostas completamente diferentes, e, por eles, estaria à
venda nos camelódromos lá do centro da cidade as músicas e os
artistas de sua preferência.
E não adianta vir ou ir com
aquela conversa de que alguém deu o empurrãozinho de misericórdia
e que a culpa é de fulano ou sicrano, porque este mesmo
empurrãozinho, mesmo que não esteja para todos, é nada se o
público unir-se para dar o seu empurrão na contramão dos esforços
contrários.
Por: Andesson Amaro Cavalcanti
Em: 10/01/2012
Objetivo: www.LigadosFM.com
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