6º Mundo Cão - Boulevard Saint-Germain


A campanha da boa vizinhança de janeiro foi a viagem de Luiza para o Canadá. Anunciado por Gerardo Rabello, colunista social da imprensa renomada da Paraíba e pai da contemplada com a viagem, o influente jornalista e homem público de João Pessoa foi garoto propaganda de uma campanha publicitária promovida por uma incorporadora de imóveis e construção civil desta bela capital e aproveitou a oportunidade para fazer o anúncio público da viagem de sua filha.

É possível acreditar que tal anúncio fazia parte do roteiro, do script do comercial, já que se tratava de uma campanha voltada para a família, para a sociedade paraibana. Classe “B” ou “A”, o que não deixa de ser sociedade. Elite, para os mais familiarizados. Alguns até acharam meio inadequado para a ocasião, como algo que teve nada a ver com o contexto, com a questão de que não haveria brecha para tal na argumentação, o que de fato é possível verificar no vídeo da propaganda para um leigo em Publicidade e Propaganda (especialistas da área que o digam...). E, então, lançaram a brincadeira nas redes sociais.

“#LuizaEstaNoCanadá”: esta hash tag liderou os tend topics Brasil do Twitter por quase uma semana e a brincadeira virou sensação em boa parte das redes sociais, do Facebook ao Orkut (como se existisse uma dezena de redes sociais tão acessadas quanto estas duas...)! Acho que não há o que pensar duas ou três vezes mais. O povo paraibano não dá ponto sem nó e a principal de todas as intenções foi fazer birra (trollar, no dialeto eletrônico contemporâneo) com a menção, talvez até desnecessária, do Gerardo à sua filha, que está no Canadá.

Não é que haja mal algum em Luiza estar lá naquele país. O mal está (ou estaria) na segmentação a que se tentou fazer quanto ao público-alvo daquele comercial. Talvez. Afinal, morar em um arranha-céus de tamanho porte e em uma área nobre de João Pessoa não é para qualquer telespectador do show do Lenine na orla de Tambaú, do ultimo dia 13. Para o Lenine, acho que sim! A propósito, ele até brincou com a ausência da Luiza, que, porventura, estaria no Canadá, no seu referido show, o que não significa dizer que ele comprou um dos apartamentos do Boulevard Sanit-Germain ou que se indignou com as palavras de “orgulho” do Gerardo.

Mas, por que segmentar o anúncio justamente bem no meio do anúncio? Será que a intenção foi esta ou o Gerardo estaria tão orgulhoso de sua filha ao ponto de expô-la em um comercial publicitário? O anúncio, por si, se auto perfaz segmentado para um público-alvo, capaz de ir ao Canadá ou de mandar um filho para lá, afinal, Canadá não é destino fácil para um filho de proletário brasileiro. E por que fazer menção da Luiza no contexto?

Também, não haveria (houve ou há, tanto faz...) mal qualquer em um garoto propaganda fazer menção do feito de um de seus filhos, afinal, o orgulho nasce para todos em um país livre, como o Brasil. Mas, é que ainda não consigo ver adequação ao fato de a Luiza estar no Canadá com o contexto da propaganda do Boulevard Saint-Germain. Eu tento acreditar que a real intenção da Luiza ter entrado neste contexto foi a de intensificar o direcionamento do produto propagandeado ao público objetivado para o produto posto à venda. Talvez, para que não se fizesse necessário dar um fora em algum pobre trabalhador com perfil para casas de até 80 m2 do programa “Minha Casa, Minha Vida” ou coisas do tipo.

Não estou exagerando, mas é que o Capitalismo de Mercado também tem dessas coisas... Também não haveria problema em um pobre trabalhador sonhar com um daqueles apartamentos. E aí, retrocedemos à pergunta que nos remete a Luiza do comercial, que, na verdade, estava (está, sei lá...) no Canadá!

Arrogância do Gerardo? Talvez. Mas, assistir ao vídeo do comercial várias vezes e condenar, por ora, as palavras do renomado jornalista paraibano na chamada comercial, ver tantas e tantas pessoas do Facebook e do Orkut perguntando pela Luiza, quem é a Luiza, a preocupação com a volta dela, paqueradas e mensagens de amor para a filha do Gerardo, entre muitos outros, ter visto ate o Lenine trollar com a propaganda bem no meio do seu show e ter assistido a todo o furdunço da “#LuizaEstaNoCanadá” no Twitter não teve preço!

Pelo menos para quem mais não se interessou no Boulevard Saint-Germain. Todos saíram ganhando, sobretudo, o Grupo Conserpa/Enger, que, acredito eu, na minha modesta concepção de Administrador, atingiu um público maior do que o que se esperava com a campanha publicitária, que colocou aos olhos do Brasil, a Luiza no Canadá.

Por: Andesson Amaro Cavalcanti

Em: 17/01/2012

Objetivo: www.LigadosFM.com

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