Ônibus Para Quê, Se Tenho o Meu Carro?
Por que andar de ônibus
ou de bicicleta? Será que vale à pena estar responsável com o meio
ambiente e com o fluxo urbano de nossas cidades, colaborar com a
redução do efeito estufa, com a emissão de CO2 na atmosfera, de
tornar o nosso ar mais saudável e higiênico, de preservar nossas
florestas, rios e matas, com a consequente redução no consumo de
combustíveis fósseis, pneus, derivados do petróleo e de outros
materiais os quais estão inseridos diretamente na fabricação de
carros e motocicletas?
Acredito que sim!
Porém, esta guerra contra a nossa autodestruição não é de
responsabilidade única e exclusivamente de cidadãos e consumidores
comuns da classe média (ou seja, nós). A cadeia produtiva, da qual
fazemos parte, poderia também abraçar esta ideia. Estado,
empresários e até ambientalistas!
Certa vez, e não faz
tanto tempo assim, a prefeitura do Natal promoveu o Dia Mundial Sem
Carro, fez uma campanha meia boca, solicitou esforços dos veículos
locais de comunicação e, no dia em questão, alugou uma vã para
levar todos os secretários, prefeito e ex-prefeito para a sede da
prefeitura, para trabalhar. Eles, sim, fizeram a parte deles e o
mesmo veículo alugado dispunha de ar condicionado...
Mas, será que em algum
momento quiseram eles saber o que cidadãos comuns os quais precisam
do transporte coletivo ou que não dispõem de outra alternativa para
ir ao seu trabalho pensam a respeito disto? E quanto aos que sentem na
pele todos os dias?
Acho bonito ver
cartazes e postagens sobre a importância de se ter um trânsito mais
calmo e menos movimentado por carros particulares circulando por aí
feito mosquito; feio, todavia, é o que tem de politicamente correto
por aí criticando quem dirige ou o que opta pela segurança de seu
carro. Será que existe diferença entre uma parada com o mínimo de
segurança e o máximo de exposição e a mordomia de ser pego em
casa por uma vã alugada? E quanto a um transporte coletivo e outro
sem ar condicionado, um sujeito a assaltos e outro vigiado por
segurança particular, um que trilha percurso alternativo e outro que
segue o mesmo caminho de todos os dias, sujeito ao trânsito caótico
da cidade?
Além do mais, vivemos
em um país onde as políticas voltadas para o bem-estar dos cidadãos
pouco funcionam, há poucos esforços ou investimentos para tal.
Pensemos se, pelo menos, nossa malha viária pública tem capacidade
mínima para atender a toda demanda oriunda de proprietários e
usuários de veículos particulares, somada aos já usuários do
transporte público de todos os dias. O caos nas ruas e avenidas
poder-se-ia ser amenizados, porém, o pobre trabalhador da classe
média é quem pagaria o preço disto, suando feito esponja no
interior de ônibus e metrôs... (Isto é o mínimo que pode
acontecer, o “pelo menos” de todo um “revestréz”...)
Até porque, a opção
pelo veículo particular, antes de mais nada no Brasil, não se deve
à necessidade do luxo ou da usura. Mas à necessidade de estar
pontualmente no seu local de trabalho, de estar bem trajado, como
exige a chefia, proporcionar segurança para os filhos (porque nem
para prender quadrilhas de assalto a ônibus nossa polícia o é
capaz) e poder usufruir do direito a não ter que se sujeitar ao sol
quente ou às longas esperas de todos os dias nas paradas, até que o
ônibus que leva até o destino proposto dê as caras.
Ou será que essas
campanhas estão por aí a insinuar o quão burro é um proprietário
de carro ou moto a ponto de estes não enxergarem o caos urbano que
vêm causando com a sua demanda excessiva pelas amostras expostas nas
concessionárias? Será que o dono de um carro não vê que lhes
sairia mais barato pagar pela passagem de um transporte coletivo a
colocar combustível no tanque do seu veículo?
É claro que ele sabe
disto, sim. Entretanto, tal qual os governos, que têm pena de
investir em malhas públicas coletivas de qualidade ou de cumprir com
o seu papel institucional a fim de cobrar das empresas de ônibus e
metrô um mínimo de estrutura salutar, um gentil trabalhador da
classe média tem todo o direito de gastar mais em prol do seu
bem-estar. Não adianta falar sobre consciência ambiental, se nem
quem deveria abraçar definitivamente esta causa faz a sua parte.
Por: Andesson Amaro Cavalcanti
Em: 31/01/2012
Objetivo: www.LigadosFM.com
Confira a ultima coluna Mundo Cão: 7º Mundo Cão: Com Tão Pouco, Tanta Cultura...
Obs: Este post está participando da promoção: Comentar Te Leva Ao Cinema, e será sorteando um par de ingressos do Filme: Os Descendentes entre os que comentarem este post!
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Comentários
preciso comprar um carro
#fato