Luiza estava no Canadá
e, agora, é a prefeita Micarla de Sousa que está na Flórida. Não,
desta vez, falarei de política ou do politicamente correto. E da
falta de noção que temos do poder das redes sociais nos dias de
hoje. É um assunto para lá de saturado, chato, tal qual matemática ou política, porém,
é de uma relevância que pouco se faz ideia.
Quem, em um futuro
próximo, não se colocar a entender o significado de se conviver em
rede ou comunidade será vitima de si mesmo e só. A opção pela não
interação ou integração com comunidades ou espaços de
convivência será como a escolha pela suicídio à vida. A
informação, hoje, flui com maior eficiência através das redes
sociais do que pelos canais de comunicação tradicionais. É onde a
informação chega primeiro, porque é ali que está conectado o
maior número de pessoas e que, em tempo real, integrará, com sua
vasta lista de contatos e amigos, a notícia recém-publicada por
algum canal de notícias ou por algum amigo melhor ainda informado e
conectado.
Isto é o Facebook, o
Twitter, o Orkut dos dias de hoje. Deste ultimo, um pouco menos.
Acontece, todavia, que boa parte das pessoas públicas de nosso país
(está ao meu alcance falar da realidade brasileira e não mundial)
ainda não aceitaram a Internet como a rua de trás ou a casa dos
fundos que dá no seu quintal. Fisicamente, não o é, mas, assim
como as fofoqueiras da vizinhança, sentadas desde a boca da noite na
beira das calçadas dando notícia da vida dos vizinhos e de quem
passa, o amigo do nosso amigo pode tirar conclusões distorcidas a
respeito de algo que escrevemos ou que deixamos de escrever na nossa
time line.
Expressões, como “o
lado negro da força...” ou “neguinho”, podem desencadear uma
série de manifestações de repúdio, haja visto uma interpretação
maldosa que leva crer ao autor comportamento ou posicionamento
racista. Ou ser taxado de preguiçoso e inadequado para uma
determinada vaga de trabalho por afirmar não gostar de acordar cedo.
Pode até parecer absurdo, mas isto acontece...
Até que surge um
estudante universitário o qual mobilizaria o povo de seu país,
através do Twitter e Facebook, contra um governo truculento e
ditatorial, e, disto, desencadearia aquilo que vemos na TV como A
Primavera Árabe! São opiniões, fruto da busca pela prática da
democracia. O Mundo, hoje, é mais Ubuntu do que parece, em que
grupos e ciclos de pessoas se unem com o intuito de promover a ampla
integração de comunidades, em prol de uma sociedade única, unida e
melhor envolvida com interesses comuns. Do Open Source lá da
Canonical ao Facebook, a diferença está apenas na linguagem.
Certa vez, o movimento
#ForaMicarla surgiu com a única pretensão de tirar do poder a
prefeita Micarla de Sousa e reivindicar maior prudência na Gestão
Pública natalense. O resultado foi a reinstauração da “CEI dos
contratos”, a fim de investigar irregularidades nos contratos de
aluguel da prefeitura do Natal, arquivadas por falta de coro
parlamentar na Câmara Municipal. Além do mais, a população tomou
certa postura fiscalizadora que, por menor que seja o movimento
promovido em uma rede social na Internet, pessoas à frente do bem
público toma suas medidas antes mesmo que autoridades competentes
tomem suas providências institucionais.
A ultima foi a de uma
funcionada comissionada na mesma prefeitura do Natal, que recebia
remuneração equivalente a de um profissional de nível superior,
sem ter posse de diploma de 3º grau... Menos de dois meses após a
renovação de seu contrato, a mesma foi exonerada do cargo, depois
de manifestos de indignação de usuários de algumas redes sociais!
E lembrar que há quase 1 ano o secretário da casa civil desta
capital ameaçou convocar a polícia civil para investigar os
participantes de um ato público em prol do impeachment da prefeita
Micarla alegando se tratar, tal ato, de “barbárie
inconstitucional”...
Veja bem, o imediatismo
e o descrédito dado por este secretário à uma onda de mudanças no
convívio entre pessoas, ocorrida em menos de 10 anos históricos,
entregou a sua falta de preparo para assumir tal cargo, ao ponto de
sequer procurar saber quem estava à sua disposição e quem não.
Enquanto, no momento exato deste acontecido, a polícia civil do RN
se encontrava em estado de greve, nenhuma detenção de manifestante
integrado ao #ForaMicarla acontecera, assim como o STJ, meses mais
tarde, reconheceu como constitucional os protestos e as
reivindicações promovidas dentro da própria câmara municipal.
Tudo isto, fruto das interações em redes sociais.
Porque, assim como a
Luiza, que estava no Canadá enquanto ficava famosa por causa de um
comercial de TV em que seu pai fazia parte, a prefeita Micarla de
Sousa, que está embarcando para a Flórida em poucos dias, tem nem
ideia da repercussão negativa que isto pode ocasionar em sua corrida
eleitoral para a reeleição para prefeitura da capital potiguar. Tão
negativo quanto 4 anos de gestão duvidosa é o desprezo às mudanças
a que o mundo está sujeito.
Um mundo composto por
pessoas, que convivem em redes e ciclos sociais, e não restrito à
ideia de civilização imposta por alguns iluminados dentro de suas
mentes de brilho ofuscado.
Por: Andesson Amaro Cavalcanti
Em: 14/02/2012
Objetivo: www. LigadosFM.com
Confira a ultima coluna Mundo Cão: 9º Mundo Cão - Sou Vitima do Bullying da Insegurança Pública
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