10º Ensaio Cultural - O Imperativo da Transformação da Geração Y (A Nova Geração Perdida)

Saudações, leitores! Neste domingo estive pensando bastante, como me é bem de costume e tive algumas reflexões sobre as buscas intermináveis que caracterizam o comportamento humano na atualidade. Logo abaixo, sigam meu raciocínio.

Mudança é a palavra que melhor define as novas gerações.
A tradição "desapareceu" e em seu lugar surgiu a cultura de massa, que se reinventa em um piscar de olhos, todos os dias. Muda-se a moda a cada estação; mudam-se os estilos musicais de sucesso a cada dois meses; as tecnologias, ao avançarem, permitem a produção de novas tecnologias; estas, ao alcançarem os consumidores, mudam os seus hábitos. O fato é que tudo sempre está mudando de tal forma que estranha é a permanência de qualquer coisa. Isso certamente tem os seus pontos bons, não vou negar. Mas, meu objetivo neste post é falar especificamente de péssimos aspectos do que chamo do "imperativo da transformação" pelo qual passam as novas gerações. Façamos como Jack o Estripador e vamos por partes. Partes bem pequenas, porque meu objetivo é uma pequena exposição, não uma longa e sistemática análise. Essa podemos deixar para outro momento.

Em primeiro lugar, o imperativo da transformação nos confunde. Ele faz com que não saibamos o que é essencial e tenhamos uma fome insaciável por coisas de pouca importância. O prazer ou da vontade se torna o princípio absoluto diante de uma falta de direção. Compramos coisas novas pelo simples prazer de tê-las, não pelo seu valor e assim voltamos à selvageria. A expansão do nosso sistema monetário até o crédito de limites exorbitantes facilita este comportamento, pois podemos ter até aquilo pelo qual não podemos pagar.

Outro problema é a extensão deste imperativo às relações sociais. Família, amigos de longa data e amores duradouros são substituídos por relações superficiais, já que estas dão mais segurança a quem não aguenta os conflitos gerados pelas relações de longa data. Pular de grupo em grupo é uma forma de se sentir sempre aceito e de estar sempre transformando sua vida de várias formas. Amores de uma noite satisfazem muito o ego, também, no momento em que acontecem. Resta apenas saber se há algo além da depressão depois disso.

Não podemos deixar de mencionar também que essa cultura faz com que não tenhamos a mínima ideia do que queremos com nossas vidas. "Faça o que quiser" é a ordem, no entanto isso já é suficientemente complicado, pois não temos orientação para ter certeza do que queremos.

Um filme que eu vejo tratar bem deste tema é o Clube da Luta, baseado no livro de Chuck Palahniuk. O protagonista vive possuído por essa compulsão. Compra novos móveis sempre, mesmo que deles não precise. Ocupa seu tempo livre em grupos de apoio diversos, para sentir o sofrimento de outras pessoas. Quando seu apartamento pega fogo, decide mudar sua vida e vai viver num lugar caindo aos pedaços e participar de combates no porão de um bar. Estas são as formas que encontra para preencher o vazio de sua vida: quando não é pelo excesso egocêntrico, é pelo desejo destrutivo.

Esse é um filme que faz com que pensemos seriamente o que é importante em nossas vidas. Confesso que passei eu mesmo por fases semelhantes ao protagonista sem nome (chamado vulgarmente de Tyler ou Jack). Quem não passou, afinal? Se você nunca se viu diante daquilo, sorte sua... No final de Clube da Luta, dá-se a entender que ainda há esperança. Igualmente, ainda tenho alguma esperança de que sejamos melhores. Talvez possamos nos libertar dessa fome insaciável e assim finalmente valorizemos o que é digno de nossa atenção.

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Autor: André Marinho
Criação: 11/03/2012
Objetivo: www.ligadosfm.com

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