13º Mundo Cão - Quanto Vale o Acesso à Cultura?


Não vamos dar nomes aos santos ou atribuir milagres aos concessores. Falar de cultura, consequentemente, em nosso país, é o mesmo que falar de política e, quando se fala de política, a ultima coisa que se ouve nesta roda de conversa é equidade. O princípio da equidade que, por hora, viria para salvar a vida de muita gente bem intencionada com sua pátria, some atras de golpes de artes maciais, que nem a Pantera Cor-de-rosa, ou faz ainda mais atrapalhadas, bem parecido com o Hanock.

Estes dois ultimos super-heróis cabem bem em uma comparação feita com as leis de incentivo à cultura, sobretudo, quando se fala de Rio Grande do Norte! No ultimo ano, destinou-se aproximadamente, para mais ou para menos, R$ 70.000,00 para uma Organização Não-Governamental dedicada à promoção de cultura e arte sem fins lucrativos dentro da cidade do Natal; não foi diferente, contudo, para uma organização de grande porte, que promove um dos maiores eventos musicais de todo o estado: R$ 6.000.000,00, para serem diluidos em alguns dias e promover um evento que conta com NENHUM artísta da terra...

Enquanto que o primeiro dá importância e foco ao que se produz dentro dos limites geográficos do elefante, o segundo privilegia a moda da gastança, do lucro e da farra, que se dilui em algumas horas, talvez um turno inteiro. Não condeno que aprecia este tipo de coisa, o país é livre. Mas, em termos de responsabilidade pública, a democracia brasileira requer igualdade de oportunidades para todos, ou seja, a grande mãe das tetas bizarras age como uma madrásta, que maltrata o filho do marido, como se ele tivesse culpa de estar ali, lutando pelo simples direito de viver.

E, enquanto isto, aqueles R$ 70.000,00 o são diluidos em 12 meses, que se somam em 1 ano... E, daí, é só fazer as contas.

Há quem diga que este tipo de sistema de mercado entrará em crise. Mas, diferente de como o próprio David Harver, intelectual e estudioso que discute a relação entre sistemas e crises de ordem política, indica que ações especulativas o são mais propensos a crises e estouros de bolhas do que produtivas. Não estamos falando de especulação, mas, de produção. O Estado brasileiro, diferente do que trata a emenda constitucional nº 48, faz uso de suas atribuições para promover propostas de cunho financeiro e comercial a dar importância à iniciativas que têm em seu enfoque a cultura.

Porque evento não é cultura. Faz parte do leque que define o que é cultura, o que é promoção cultural. A promoção de evento têm como principal objetivo levar ao público uma determinada proposta cultural, independente disto requerer esforços singulares ou não. E é aí que o capital entra e faz seu jogo... Melhor, é aí onde ele deve entrar, se for objetivo dele se inserir neste meio! Ele e não as forças do governo, porque o Estado brasileiro se comprometeu com algo maior do que facilitar ou proporcionar condições viáveis para se multiplicar ganhos.

Entenda bem, estamos falando de Política de Incentivo à Cultura e não de Política de Incentivo à Industrialização da Cultura. Em qual artigo ou parágrafo da constituição de 1988 diz que o Estado, em uma de suas três esferas, pode lidar com a Cultura como instrumento de geração de emprego e renda e desenvolvimento regional? Será que a nossa Constituição Cidadã é tão grande ao ponto de, sequer, ter controle sobre o que se faz ou deixa de ser feito nos 26 estados da federação ou nos mais de 5.000 municípios?

O fato é que se os sistemas de auditoria e controle do governo são falhos, se é que ele se dá ou deu à eficiência disto, não o é por falta de mecanismos ou de pessoal qualificados para tal. Falta muita vontade política para muita coisa neste país e a cultura, por uma infelicidade do destino, faz parte desta roleta da sorte.

Pois, se querem um país sem pobreza, tal qual coloca o slogan do governo federal, e sustentado no tripé que serve de sustentação para um Estado de Bem-Estar Social, é justo lutar por uma cultura justa, que isente esse Estado rico e desenvolvido, que tanto se fala e se busca neste país, de clientelismos ou oportunismos sobre o direito do cidadão ao seu maior patrimônio. Preciso repetir, ainda, que é Cultura?

Por: Andesson Amaro Cavalcanti
Em: 06/03/2012
Objetivo: www.LigadosFM.com

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