Se não fosse pela
audácia de ter que se pendurar nas costas do funcionalismo público,
talvez, o RN seria um fiasco de estado, em termos de economia e
distribuição de renda. A propósito, concurso público não é o
melhor meio de se fazer distribuição de renda ou de se gerar
emprego, mesmo que as coisas, por aqui, não se dêem desta forma aos
nossos olhos...
Com uma das piores
taxas de geração de emprego do país, Natal apresentou queda de 6%
nos índices que medem a capacidade de se gerar emprego do ultimo
ano. Ou seja, 6% mais de nossa PEA – População Economicamente
Ativa – encontra-se desempregada e colabora com o já consolidado
quadro o qual qualifica Natal como uma das piores capitais para se
procurar emprego no país.
Quem não conhece alguém que fez ou faz
faculdade nesta cidade, graduado ou pós-graduado, que
acredita em um próspero futuro e que
nem precisou largar tudo, trabalho, carreira ou futuro promissor em
uma grande corporação, por sequer fazer parte de uma, para estudar
para concurso? Muitos de nós, diga-se de passagem...
Estamos em uma unidade
pouco desenvolvida, pobre, para ser mais preciso, com poucos esforços
no sentido de proporcionar melhores condições de geração de
emprego e renda, com poucos incentivos e com uma das maiores
incidências tributárias do país. O ICMS daqui é 25% sobre a atividade produtiva, mais que o
dobro dos vizinhos paraibanos. E ainda empurram goela adentro o
discurso de que o aumento do peso do Estado é crucial para a geração
de empregos, seja através de concursos públicos, seja através da
abertura de novos cargos comissionados.
Independente de ambos
os caminhos, isto só tende a aumentar a necessidade de expansão da
arrecadação fiscal, para que se possa manter vigorosa a atividade
pública para a qual se tenha optado. Falo de aumento de impostos, de
encarecimento dos preços das mercadorias e serviços por causa da
alta incidência tributária sobre a formação dos preços destes e,
acima de tudo, de dificultalização da atividade empreendedora –
e, consequentemente, da geração de empregos, renda e da manutenção
de um ambiente sadio e promissor para se trabalhar e fazer deste
estado um lugar melhor para se viver.
A propósito, são
justamente os empreendedores e funcionários da iniciativa privada
que sustentam as folhas de pagamento e as verbas direcionadas ao
serviço público gerando o mínimo de ônus para os cofres
dos governos! Por que, então, tamanha falta de atenção a este lado
da sociedade potiguar?
As turmas de cursinhos
preparatórios para concursos públicos estão lotadas não somente
por causa das facilidades propostas no serviço público brasileiro,
mas por estarmos em um ambiente em que se amargam empregos de baixos
salários, atividades de baixa remuneração e administração
pública empurrada com a própria barriga, com a mínima preocupação
com o micro, pequeno e empreendedor individual e com a máxima
oneração dos recursos arrecadados com uma folha de pagamento
ineficiente e sem muitos anseios desenvolvimentistas de longo prazo. É de governo que estou falando...
Isto data, ainda, da
primeira metade da década passada, em que as ordens de pagamento de
pessoal do governo do estado atingiram patamares recordes em toda sua
história. Até o Ministério Público da União (isto, por
“incapacidade” de atuação do Ministério Público Estadual)
caiu de porrada sobre a administração municipal, impondo prazos e
normas com respeito às obras de saneamento básico em Natal – fato
esquecido em virtude do apagão administrativo sofrido nos últimos 4
anos e do excesso de buracos, talvez, nas avenidas – e, até agora,
quase tudo deixou de ser feito...
Não há dúvidas de
que o maior erro cometido pelo povo potiguar (ou norte-riograndense,
como queira) foi ter eleito boa parte desses administradores públicos
que ocupam e têm ocupado as cadeiras parlamentares da política
local das ultimas décadas. Sobretudo, dos últimos anos!
Sem querer retirar o de
ninguém da reta, porém, com tantos recursos obtidos e investimentos
incididos sobre a nossa atividade econômica – e aí tem-se uma
lista infindável de atividades, dentre elas a turística, a da
fruticultura irrigada, eventos, imobiliária, da construção civil,
distribuição, extração mineral, pesca, carcinicultura e até
industrial –, provavelmente, as ultimas administrações são as
que não merecem, sequer, o mínimo comentário, menos ainda positivo, a respeito. Para não dar o cabimento.
Duas de nossas maiores
e mais importantes firmas de produção industrial – de geração
de emprego e investimentos – cogitaram interromper suas atividades
produtivas no RN por inviabilidade orçamentaria, haja visto que a
penúltima gestão estadual ameaçou eliminar os incentivos fiscais a
elas dados. Seriam mais de 15 mil desempregados, como consequência
desta medida, todavia, por ‘meia sorte’, apenas pouco mais de 7
mil destes trabalhadores foram atingidos, em virtude de uma delas ter
decidido reinstalar sua unidade produtiva no estado da Paraíba.
Como consequência
deste fato, alimentou-se o clima de esperança
de uma cidade melhor para funcionário públicos viver para a coisa
de lá 7 mil pessoas – se tivermos a sorte de uma parcela destas
não terem enveredado para o crime ou para alguma atividade ilícita
–, isto, em meio a uma concorrência feroz e verosímil por uma
cadeira no estrelato do serviço público local. Eu temo a nossa
mão-de-obra concurseira!
Pois, nada tem sido
feito para mudar esta realidade. E, para poucos, tem se dado a devida
atenção, sobretudo, àqueles que desejam radicarem-se por aqui sem
ter que, necessariamente, conseguir inserir-se em algum órgão da
atividade pública. Para falar a verdade, Natal e o RN são sim uma
capital e um estado de funcionários públicos e isto não é muito
bom, não.
Por: Andesson Amaro Cavalcanti
Em: 20/03/2012
Objetivo: www.LigadosFM.com
Confira a ultima coluna Mundo Cão: 14º Mundo Cão - Reclamar para Quem, se Existem as Variáveis Ocultas?
Comentários