15º Mundo Cão - DEPA – Denuncismo Economicamente e Politicamente Ativo


Se não fosse pela audácia de ter que se pendurar nas costas do funcionalismo público, talvez, o RN seria um fiasco de estado, em termos de economia e distribuição de renda. A propósito, concurso público não é o melhor meio de se fazer distribuição de renda ou de se gerar emprego, mesmo que as coisas, por aqui, não se dêem desta forma aos nossos olhos...

Com uma das piores taxas de geração de emprego do país, Natal apresentou queda de 6% nos índices que medem a capacidade de se gerar emprego do ultimo ano. Ou seja, 6% mais de nossa PEA – População Economicamente Ativa – encontra-se desempregada e colabora com o já consolidado quadro o qual qualifica Natal como uma das piores capitais para se procurar emprego no país.

Quem não conhece alguém que fez ou faz faculdade nesta cidade, graduado ou pós-graduado, que acredita em um próspero futuro e que nem precisou largar tudo, trabalho, carreira ou futuro promissor em uma grande corporação, por sequer fazer parte de uma, para estudar para concurso? Muitos de nós, diga-se de passagem...

Estamos em uma unidade pouco desenvolvida, pobre, para ser mais preciso, com poucos esforços no sentido de proporcionar melhores condições de geração de emprego e renda, com poucos incentivos e com uma das maiores incidências tributárias do país. O ICMS daqui é 25% sobre a atividade produtiva, mais que o dobro dos vizinhos paraibanos. E ainda empurram goela adentro o discurso de que o aumento do peso do Estado é crucial para a geração de empregos, seja através de concursos públicos, seja através da abertura de novos cargos comissionados.

Independente de ambos os caminhos, isto só tende a aumentar a necessidade de expansão da arrecadação fiscal, para que se possa manter vigorosa a atividade pública para a qual se tenha optado. Falo de aumento de impostos, de encarecimento dos preços das mercadorias e serviços por causa da alta incidência tributária sobre a formação dos preços destes e, acima de tudo, de dificultalização da atividade empreendedora – e, consequentemente, da geração de empregos, renda e da manutenção de um ambiente sadio e promissor para se trabalhar e fazer deste estado um lugar melhor para se viver.

A propósito, são justamente os empreendedores e funcionários da iniciativa privada que sustentam as folhas de pagamento e as verbas direcionadas ao serviço público gerando o mínimo de ônus para os cofres dos governos! Por que, então, tamanha falta de atenção a este lado da sociedade potiguar?

As turmas de cursinhos preparatórios para concursos públicos estão lotadas não somente por causa das facilidades propostas no serviço público brasileiro, mas por estarmos em um ambiente em que se amargam empregos de baixos salários, atividades de baixa remuneração e administração pública empurrada com a própria barriga, com a mínima preocupação com o micro, pequeno e empreendedor individual e com a máxima oneração dos recursos arrecadados com uma folha de pagamento ineficiente e sem muitos anseios desenvolvimentistas de longo prazo. É de governo que estou falando...

Isto data, ainda, da primeira metade da década passada, em que as ordens de pagamento de pessoal do governo do estado atingiram patamares recordes em toda sua história. Até o Ministério Público da União (isto, por “incapacidade” de atuação do Ministério Público Estadual) caiu de porrada sobre a administração municipal, impondo prazos e normas com respeito às obras de saneamento básico em Natal – fato esquecido em virtude do apagão administrativo sofrido nos últimos 4 anos e do excesso de buracos, talvez, nas avenidas – e, até agora, quase tudo deixou de ser feito...

Não há dúvidas de que o maior erro cometido pelo povo potiguar (ou norte-riograndense, como queira) foi ter eleito boa parte desses administradores públicos que ocupam e têm ocupado as cadeiras parlamentares da política local das ultimas décadas. Sobretudo, dos últimos anos!

Sem querer retirar o de ninguém da reta, porém, com tantos recursos obtidos e investimentos incididos sobre a nossa atividade econômica – e aí tem-se uma lista infindável de atividades, dentre elas a turística, a da fruticultura irrigada, eventos, imobiliária, da construção civil, distribuição, extração mineral, pesca, carcinicultura e até industrial –, provavelmente, as ultimas administrações são as que não merecem, sequer, o mínimo comentário, menos ainda positivo, a respeito. Para não dar o cabimento.

Duas de nossas maiores e mais importantes firmas de produção industrial – de geração de emprego e investimentos – cogitaram interromper suas atividades produtivas no RN por inviabilidade orçamentaria, haja visto que a penúltima gestão estadual ameaçou eliminar os incentivos fiscais a elas dados. Seriam mais de 15 mil desempregados, como consequência desta medida, todavia, por ‘meia sorte’, apenas pouco mais de 7 mil destes trabalhadores foram atingidos, em virtude de uma delas ter decidido reinstalar sua unidade produtiva no estado da Paraíba.

Como consequência deste fato, alimentou-se o clima de esperança de uma cidade melhor para funcionário públicos viver para a coisa de lá 7 mil pessoas – se tivermos a sorte de uma parcela destas não terem enveredado para o crime ou para alguma atividade ilícita –, isto, em meio a uma concorrência feroz e verosímil por uma cadeira no estrelato do serviço público local. Eu temo a nossa mão-de-obra concurseira!

Pois, nada tem sido feito para mudar esta realidade. E, para poucos, tem se dado a devida atenção, sobretudo, àqueles que desejam radicarem-se por aqui sem ter que, necessariamente, conseguir inserir-se em algum órgão da atividade pública. Para falar a verdade, Natal e o RN são sim uma capital e um estado de funcionários públicos e isto não é muito bom, não.

Por: Andesson Amaro Cavalcanti
Em: 20/03/2012
Objetivo: www.LigadosFM.com

Comentários