Parece que a arte e a
cultura não está para o potiguar tal qual se dispõe para
brasileiros de outras origens, a começar pelo preço dos ingressos
para shows e apresentações de artistas de todas as naturezas, até
os de nossa conterraneidade – já que o direito ao acesso à
cultura e ao patrimônio histórico, por aqui, é algo nada público.
A exemplo do ultimo
show do Gilberto Gil, cujo ingresso custou a honraria de pouco mais
de R$ 30,00 em solo pessoense, em Natal, um dia após, custava o
dobro deste valor nas promoções do site Peixe Urbano, com lá 50%
de desconto... Por quê? O que tem de mais pagar R$ 100,00, R$
160,00, R$ 250,00 pela entrada de um concerto de ponta de um dos
maiores artistas da história deste país?
Nada, desde que a média
dos ganhos do trabalhador, no plano local, torne coerente o seu
acesso a um evento desta natureza, o que não convém com a realidade
natalense, com uma das piores médias salarias de todo o território
nacional. Temos uma das mais caras medias de preço de entrada em
eventos de natureza artística e cultural do país.
É como se Carnatal,
shows e concertos nas nossas arenas e teatros e até eventos de perfil
alternativo não o fossem concebidos para o natalense. Talvez, para
um público mais exótico, de olhos claros, pele alva igual a neve,
que teve pouco contato com sol forte e salgado, ou por alguém que
não fale o português com nosso sotaque. É! A realidade local, até
agora, não deu o seu norte a respeito do porquê ser tão caro sair
de casa em Natal...
Lembro que há 08 anos
paguei nada mais do que R$ 30,00 por um par de entradas para um dos
dias do finado MADA; há 07 anos, não foi diferente e há 06, apesar
da escassês emergente de opções de cultura e lazer por aqui, a
realidade não o fora assim tão diferente.
Lembro que poucos eram
os estabelecimentos que cobravam a taxa simbólica referente ao
“Couvert Artístico”. Hoje, o preço o qual se paga não
corresponde ao mínimo justo nos quesitos “Qualidade de
Atendimento”, “Disponibilidade”, “Operacionalidade”,
“Variedade”, e “Estrutura Apropriada”.
Pagamos hoje uma média
que varia entre R$ 20,00 e R$ 30,00 (às vezes R$ 50,00), somente na
aquisição de um ingresso que dá direito à entrada em um ‘pub’
médio daqui da capital, para ficarmos “até a hora que quisermos”
– desde que o nosso desejo de permanência não passe das 02hs da
manhã ou antes disto. Estamos em Natal e o que nos resta é ter que
adquirir uma entrada pela mesma bagatela nos shows de forró e de
música baiana...
Se pararmos para
analisar, o que se paga em eventos de pequeno porte e de baixo custo
na capital potiguar está exatamente de acordo com os de grande porte
realizados em cidades vizinhas, a exemplo de Fortaleza e Recife
(cidades bem maiores); os de abrangência ainda maior não vão tão
longe assim: Rock in Rio, Lollapalooza, concertos do Roger Waiter,
U2, Pearl Jam e até grandes apresentações de orquestras
internacionais com turnê exclusiva nos cenários paulistano e
carioca. Mas, por que, se estamos em Natal?
Minha intenção não é
ser covarde o suficiente, a ponto de colocar João Pessoa como
exemplo (até por que, nesta ultima, maravilhosa, por sinal, o clarão
do brilho do seu festival de verão deu vertigem nos olhos de
qualquer natalense, que amarga um ano inteiro de morbideza e
escuridão noturna, recreativa e cultural), mas é difícil de
acreditar que 160 kilômetros, tão curta esta distância em termos
geográficos, mostra-se um verdadeiro abismo em termos de opção,
acesso e diiversidade. Natal é a mais incompetente das 09 irmãs
nordestinas, no que diz respeito ao acesso e à oferta de cultura
acessível para o seu povo.
As justificativas são
das mais diversas. Do custo de manutenção e aluguel das casas de
espetáculo à pouca demanda, por parte da população, aos eventos
promovidos na cidade (argumento o qual não se configura com a
realidade, já que os shows realizados nos nossos mais variados espaços destinados a espetáculos têm atingido recordes de público com o esgotamento
de todas as cadeiras), é como se de uma hora para outra Natal
tornou-se uma verdadeira zona de perigo para a promoção de eventos.
Ou uma mina de ouro... Isto, sem falar na pobreza absoluta no que diz
respeito à promoção de espetáculos abertos ao público.
É, parece que domingo
não é, mesmo, dia de natalense ir para praça nenhuma (nem aquela
lá do pátio da Inter TV Cabugi), muito menos ser um Domingo
Melhor em um bosque ocupado por várias mangueiras! Já que nos
resumimos a algumas sextas-feiras ou sábados ocasionais...
Quem sou eu para
questionar esses caprichos todos da realidade cultural natalense,
senão, um próprio natalense?
Por: Andesson Amaro Cavalcanti
Em: 10/04/2012
Objetivo: www.LigadosFM.com
Confira a ultima coluna Mundo Cão: 17º Mundo Cão - A Arte de Ser do Contra
Comentários
Infelizmente nossa cidade é carente de estímulos culturais e ao que parece nada será feito para mudar essa realidade, por que a população natalense, em sua maioria, não está interessada ou disposta a lutar por essas melhorias! =( Triste...