2ª História Mal-Contada: Um Problema Insular

Olá caros leitores, como têm passado? Bem, depois de conversar com uma lagosta, sentado à beira da praia, tenho mais uma coisa para contar, acontecida logo em seguida. Sentem-se novamente. Sim! Aqui na areia mesmo, para que eu possa contar esse fato a todos vocês.

Ainda estava sentado à beira do mar. Permaneci a olhar o horizonte, sob o efeito hipnótico das ondas que iam e vinham, vi que o sol iniciava sua caminhada final na abóboda celeste, começando ao reflexo laranja por parte das águas marinhas. Estava refletindo qual era a razão de me encontrar naquele local, quando repentinamente um movimento estranho nas águas me chamou atenção.

Uma espécie de luneta marinha fazia uma observação dos lados, como se algo procurasse. Passando dez minutos, a luneta saiu, dando espaço para um objeto de cor escura, que emergiu das águas. Uma espécie de tampa em seu canto superior se abriu, e de lá saiu um ser humano, vestindo uma espécie de roupa de mergulho. Pulou nas águas e nadou em minha direção. Eu observava tudo acontecendo ainda meio perplexo.

Chegando à praia, caminhou em minha direção e ao mesmo tempo retirava toda parafernália de mergulho, abrindo espaço para um uniforme militar que estava em baixo de toda roupa preta de mergulho. Apontou-me uma antiga pistola e me ordenou:

-Ok! Acabou para você! renda-se! - ordenou o estranho.

-Hã?! - Rende-me em nome de quem? - perguntei enquanto ele observava para os lados. Comecei a notar que ele parecia meio tonto também.

-Essas não são as ilhas do atlântico sul que foram invadidas pelos povos da Prata? - indagou, coçando a cabeça e guardando a arma na cintura.

-Não, aqui é a ilha da terra de Nenhum-Lugar....

-Putz! quer dizer que eu vim parar aqui! Agora meu alto comando vai me matar!

-Calma! por acaso seu país esta em guerra?

-Sim, desde que os povos do país da prata invadiram nossas ilhas no atlântico sul, nos encontramos em guerra contra eles.

-Qual o seu país?

-Eu venho da Terra dos Anjos. Tem esse nome devido às tribos dos meus antepassados terem cabelos de cor amarela.

- Onde fica seu país? Nunca ouvir falar nele...

- Pode parecer engraçado, mas meu país também é numa ilha. Porém, bem mais ao norte daqui...

-Por que o povo da Prata está em guerra contra a Terra dos Anjos?

-Eu já disse! Eles invadiram um território nosso no atlântico sul! Esse povo alega que nós tomamos o território deles em 1833. Contudo, nós estamos lá desde 1690, quando um navegador John Strong, de nossa terra, por lá instalou uma povoação. Em virtude de conflitos que nossos povos tiveram por outros lugares, contingentes tiveram que ser retransportados, mas nós nunca deixamos de declarar a posse das ilhas. Quando o povo da Prata estava em processo de independência contra os hispânicos, em 1816, afirmou que as ilhas eram deles. Oras! Quase duzentos anos depois de nós temos as ilhas em nossas posses! Como se não fosse o bastante, começaram a mandar expedições para ocupar nosso território. Então, em 1833 mandamos uma expedição para consolidar nosso domínio lá.

-Nossa! que coisa... E a população atual que mora lá, se considera mais para o lado da Terra dos Anjos? ou para Terra da Prata?

- 87% das pessoas que se encontram lá afirmaram que nem de perto querem pertencer às terras dos povos da Prata!

- Nossa! Então realmente não vejo nem o porquê de tanta discussão sobre essa soberania, me parece birra de crianças...

-É! Por isso tenho que chegar à ilha para fazer o desembarque. Desculpe-me a grosseria, mas não posso continuar conversando nessa bela terra de Sir Tomás Morus; tenho um tempo cronometrado para o ataque. Você saberia me informar em que anos estamos?

-2012...

-É O QUÉ!? Nossa! agora sim estou perdido! Não só espacialmente como temporalmente. O conflito já deve ter acabado há uns trinta anos! Tenho que voltar correndo para a base.

Então o estranho foi embora. Virando-me as costas sem nem conseguir terminar a frase, começou a correr, enquanto o cachecol tricolor: vermelho, azul e branco cintilava no ar...

-Espere! -gritei. - Qual seu nome? - Ele virou apenas a cabeça, como que num final de filme, com um sorriso meio misterioso, olhar profundo e disse:

-Sou Antônio Cary, visconde de Falkland... Mas, alguns me conhecem mais por Malvinas.

Voltou a correr em direção ao seu estranho barco que nadava por debaixo das águas. Quanto mais ia o sol mais ao horizonte se punha. Rapidamente me levantei e gritei:

-Falkland! Posso alistar-me junto à ti?

Autor: Douglas Cavalheiro

criação: 16/04/2012

objetivo: www.ligadosfm.com

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