História Mal Contada: Tudo Vai Ficar Bem
Saudações
amantes de histórias e estórias, como todos vocês têm passados esses dias? Como
vocês tem dormido esses dias? Eu dormir muito bem. O lugar não era tão
confortável como camas; era meio duro, e a carroça balança bastante. Se alguém
tiver problema com tonturas, não lhe recomendaria. Mas para mim foi
interessante ter esse sono num veículo de tração animal. Bem leitores, já podem
deitar-se, se vocês querem que essa história de hoje soe como uma canção de
ninar.
Um
sol escaldante de primavera fazia com que o suor dos meus sonhos parecesse ser
muito real, como se eu fugisse de uma espécie de gigante onda que me perseguia.
Corria o máximo que pude, até que a grande onda me atingiu com uma enorme pancada
na cabeça e acordei. Eu estava completamente encharcado, não pela onda, mas
pelo suor do calor que a lona que a carroça provocava. Com a súbita parada,
bati minha cabeça no chão, fato esse explicava minha pequena do craniana.
-"Chegamos!"
- disse o velho senhor enquanto pulava da carroça.
-"Já?
Como é próximo essa cidade..." - exclamei com total surpresa
-"Próximo?"
- interrompeu o ancião com um tom irônico seguido de pequenos risos que se
faziam abrir sua boca que irradiava a falta de alguns dentes.
-"Viajamos
por dois dias e você ainda quer dormir mais?" - disse o ancião erguendo a
mão para me ajudar sair da carroça.
-"Nossa!
Dormir por mais de dois dias seguidos!"- exclamei quase em tom de
desespero. Afinal, para mim tinham passado alguns poucos minutos.
-"Você
estava cansado jovem rapaz. E mais, não foram mais de dois dias, nós saímos da
cidade costeira no bem na aurora matinal, exatamente como estamos agora, foram
dois exatos dias de sono." - Falava enquanto me apoiava em sua mão e
conseguia colocar meus primeiros passos na cidade desconhecida.
-"Nossa...
o tempo finalmente sinto-me realmente descansado, antes eu andava quase como se
tivesse que carregar uma carapaça de uma lagosta no tórax. Realmente, agora me
sinto muito melhor. Muito obrigado pela ajuda senhor..."
-"Não
precisa agradecer jovem rapaz" - me interrompia o velho- "agora tenho
assuntos urgentes para tratar. Pode seguir o seu caminho. Pegue essa garrafa
d'água e esse outro pão, creio que você vai precisar disso muito mais que eu."
- Com um feliz e pacifico sorriso banguela, fui envolvido num abraçado com
sabor de carinho paternal.
Ele
se virou, sua mão percorreu como uma última gota de chuva cai por entre as
folhas e eu, na minha perplexidade de tamanha solidariedade, esqueci de perguntar-
lhe o nome; somente observando enquanto ele desaparecia lentamente por entre a
multidão do mercado. Foi como se também algo procurasse.
Comecei
a caminhar pela cidade, seguindo o caminho oposto que o ancião. Era uma cidade
grande, com prédios que se elevavam a alturas maiores que três andares. Para
mim que tinha vivido numa cidade completamente caótica, onde os prédios já não
haviam mais, essa cidade me surpreendia bastante. Pontes com ornamentos,
formavam uma espécie de curva oval sobre o rio, que tinha todo percurso de seu
leito adunado com belas calçadas, que eu ia percorrendo. Postes, já apagados a
essa hora da matina, faziam uma decoração bela pela minha trajetória. Contudo,
minha curiosidade era se aproximar de soldados que estavam parados logo perto
da entrada da ponte.
-"Alto
Acesso não permitido!" - Exclamou a autoridade de quepe militar, espada e
uniforme belamente simétrico de cor cinza.
-"O
que está acontecendo na cidade? Por quê não tenho acesso nessa via
pública?"
-"A
autoridade do reino oriental dos povos germânicos, o arquiduque, irá passar
aqui, e isso é acesso restrito pois zelamos pela segurança dele, se você puder
continuar sua caminhada por outra via, dobre por aquela rua à esquerda. Talvez
dê para continuar até seu destino."
Despedir-me
do oficial. E seguir sua ordem. Estava curioso; jamais na minha vida tinha
visto uma comitiva real. Dobrei na rua, porém, um sujeito subitamente se deu de
cara comigo, nos esbarramos frontalmente de testa um contra o outro, e ele caiu
no chão deixando derrubar suas coisas.
-"Ah!
Que dor! Idiota não olha por onde andas?!" -Disse ele tentando rapidamente
tentando esconder a arma que cairá do bolso para o chão.
"-Desculpe,
eu não lhe vi, você esta machucado?" - indaguei tentando me agachar para
pegar umas pequenas pílulas que ainda permaneciam no chão.
-"Dê-me
isso!" - Ele puxou da minha mão como uma violência animalesca -"Não
ouse tocar me nada disso"- dizia já se levantando e limpando a roupa.
-"Para
onde você vai com essas coisas?" -indaguei com vergonha, porém minha
curiosidade era maior.
-"Eu
vou fazer algo que vai mudar a história do meu povo; vou libertá-los do maldito
domínio germânico. Dias melhores viram para todos nos Eslavos do Sul. Vamos nos
unificar em um só reino forte capaz de manter nossa autonomia e autoridade
perante as outras potências."
-"Você
vai agir sozinho? O arquiduque possui muitos guardas...."
-"Existem
muitos conosco. Digamos que temos as "mãos negras", várias pessoas
esperam que nós sejamos vitoriosos nessa batalha..." - Me surpreendia essa
palavra sendo pronunciada de um homem tão franzino, magro e de aparecia meio
doente. Ele começou a tossi fortemente, não sei se pelo nervosismo, cuspindo um
pouco de catarro com uma cor de verde avermelhado.
-"Você
já lutou em alguma guerra?" -indaguei curioso.
-"Nunca
consegui me alistar, sou pequeno e de estatura fraca, sempre fui negado pelo exército
e depois que contrair tuberculose pedir minhas esperanças... Mas agora farei
algo que jamais meu povo e minha família irá esquecer!" - Sua afirmação
final tinha umas emanava chamas de suas retinas que me intimidaram. Com a mão
direita, ele começou a me empurrar:
-"Sai
da frente, não posso perder tempo!"- afirmou já saindo.
-"Mas
você tem certeza que vai fazer isso? e sua vida? Já pensou que você pode morrer
nisso, já pensou se você for preso?!"- Ele virou repentinamente e disse.
-"
Eu não sou um criminoso, pois eu vou destruir um homem mau. Eu estou convicto
de minha certeza. Não há necessidade de me levar para prisão. Minha vida já
está desaparecendo. Eu sugiro que me preguem numa cruz e me queimem vivo. Meu
corpo flamejante será uma tocha para iluminar o meu povo em caminho para a
liberdade. As minhas sombras estarão no futuro andando por Viena, passeando
pelo tribunal e assustando todos senhores germânicos, se alguma guerra explodir
não vai ser por culpa do meu ato, os alemães arrumariam outro motivo para isso.
Agora saia daqui, as coisas ficaram mais complicadas para você se testemunhar
isso."
Tentei
me virar e prosseguir no meu caminho, mas um barulho de carro me chamou a
atenção para observar para trás. Era a comitiva do Arquiduque. Tinha entrado na
rua errada e o estranho homem retirou rapidamente sua arma do bolso e atirou no
Arquiduque e na sua mulher. Enquanto os guardas corriam para prender o
terrorista que tentava engolir umas cápsulas para matar-se pude ouvir, ainda
alto do seu carro, as últimas palavras do arquiduque para sua mulher:
-"Calma
querida! Eu estou bem, tudo vai ficar bem..."
Autor: Douglas Cavalheiro
Criação: 26/06/2012
objetivo: www.ligadosfm.com
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