Saudações,
queridos e queridas amantes da história e de estórias. Como vocês estão
andando? Eu tenho andado muito e muito rápido. Minhas pernas estão muito
cansadas, desde que saí correndo desesperadamente para fugir dos tiros que
vinham das linhas inimigas e não cair em minas ou arames farpados. Caminhei na
direção do mapa que me foi dado por durante um dia. Estava completamente
exausto. Para descansar, quando o opúsculo escorria pela abóboda celeste,
encontrei uma gigante árvore. Achei que eram os sinais já das florestas que se
aproximavam. Comi alguns de seus frutos e nela me escorei, como minha pequena
mochila de campanha, com os poucos bens militares que me restavam da trincheira
e adoeci. Então queridos amigos, quando acordei tive uma surpresa, por isso
agora, vocês devem sentar e ouvir o que eu tenho a dizer.
-"Já
não acha que está na hora de acordar?" - Essa frase vinha no meu ouvido, e
me acordava do meu profundo sono.
-"Hã!?
Quem é?" - Eu olhava para os lados procurando quem falava isso para mim.
"Aqui
atrás de você!"- foi a resposta. Me levantei dei a volta em toda a árvore
e disse:
-"Bem..
não tem ninguém atrás de mim... onde você está?"
-"Na
sua frente, onde você estava dormindo... Sou eu!"- Olhei espantando, era a
árvore que estava se comunicando comigo. Desde aquela lagosta na praia, eu não
tinha visto mais esses tipos de seres falantes. Cada vez mais me sentia uma
espécie do romance do Exupéry.
-"Você
dormiu em mim e comeu dos meus frutos. Isso significa que de alguma forma ou
outra, estamos unificados a partir desse momento." - Falava a grande
árvore.
-"Como
assim?" - Estava ainda meio tonto devido o despertar repentino.
-"Oras,
é algo bem simples. Nesse mundo, ninguém está sozinho. Estamos todos conectados
como se a realidade fosse um rede. É como
uma espécie de nó que enlaçam essa rede da realidade fazendo dela uma só,
criando o que todos vivem a primeira pessoa do plural: nós. O desatar do nó é a
morte. A guerra que fazem vocês humanos, fazem com que os homens se tornem
cegos e passem a desatar todos nós da realidade. É preciso que você como
soldado não entenda o inimigo para matá-lo. Afinal, você algum momento, pensou
que do outro lado da trincheira existiam seres humanos, que sentiam medo, que
queriam voltar para casa, que tinha esposas filhos, e estavam na mesma condição
que você, lutando para ganhar dinheiro?
-"Eu
pensava isso... mas somente quando não estava lutando, quando passava a lutar,
eu só pensava... melhor, eu não pensava... eu não pensava... me nada... era
como fosse uma espécie de transe... eu matava e não tinha consciência disso..."
-"É
e ainda existem pessoas como vocês que dizem que seria muito tédio viver como
uma árvore como eu. Veja só, quantas árvores eu destruí em toda minha vida?
Nenhuma."
-"É
o homem é ruim..." já estava concluindo, ganhando alguns centímetros a
mais da minha corcunda pessimista, quando a árvore me interrompeu."
-"Não
fale bobagens; o homem não é ruim. É apenas ignorante, isso é um estágio de
vida que pode ser mudado com muita facilidade. E mais, o homem tem capacidade
do ato mais belo que nenhuma natureza animal e vegetal é capaz de reproduzir,
sabe qual é?"
-"Não
faço ideia..."
-"O
da piedade. Somente o homem é capaz de errar, mas também somente ele é capaz de
perdoar. Eu não sou capaz de perdoar nada, mas você é. E primeiramente pare de
se condenar pelo seu passado rapaz. Erga-se, perdoar o outro também exige que
saibamos perdoar a si mesmo em primeiro momento."
-"Obrigado
pelo ensinamento...." tentei terminar a frase mas a árvore não deixou:
"Vá!
É somente isso que eu tenho dentro de minha arbórea experiência de vida. Agora
podemos dizer que somos um, não só porque você só comeu meus frutos e dormiu em
mim,mas agora, você carrega em ti um pedaço do meu ensinamento no fundo da sua
alma e você terá eternamente em minha memória a sua imagem. Você está em mim e
eu em ti. Agora ,
siga seu destino, você tem uma mensagem do seu amigo para dá e árvores...
bem... nem todas elas falam mais..."
A
face da árvore foi sumindo levemente por dentro do tronco e eu assistia como o
ensinamento vibrava em meu interior, agora o meu coração batia na frequência da
sonoridade das ultimas palavras da árvore. Olhei para o sul, meu destino estava
longe, meu caminho era longo, mas agora iria ser mais curto, porque não
seguiria sozinho, uma árvore amiga iria comigo.
Autor: Douglas Cavalheiro
Criação: 27/06/2012
objetivo: www.ligadosfm.com
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