Uma semana. Este foi o
tempo que durou o momento o qual o comercio varejista natalense vende
como sendo a obra-prima para estimular as vendas e o crescimento da
economia local durante o ano contábil, o Liquida Natal. Impulsiona o
consumo, viabiliza as transações estimuladas pelo mercado de
crédito na compra e venda de produtos, um evento como o Liquida
Natal agrega total valor em uma economia pouco desenvolvida e
consolidada, como a do RN.
As peças, em promoções
especiais, em meados da década passada, movimentavam a cidade por
cerca de um mês, chegando a dobrar o faturamento das entidades que
atuam no setor e preparar o cenário para os momentos de demandas
mais vigentes, como o das “compras de fim de ano” e das “férias
de verão”, este, impulsionado pelo setor turístico. O tempo era
mais do que suficiente para alavancar o crescimento do comércio e da
economia local, gerar empregos e aumentar o faturamento dos
empresários do maior setor econômico e pagador de ICMS e ISS da
capital potiguar.
Aconteceu que neste
ano, o Liquida Natal durou não mais do que uma semana... Sem maiores
julgamentos à CDL e aos representantes do setor comercial da cidade,
fomentar um projeto que se consolidara como marco impulsionador e
diferencial da economia local do modo como o fora tratado somente
colabora com o amargo cenário de desemprego e de baixo crescimento
econômico, tal qual nos mostram os míseros 2% de crescimento anual
registrados no último período (2011). Esta é a Natal de muito
lobby e pouco estímulo ao trabalho. A economia potiguar, e,
sobretudo, natalense, necessitam de estímulos, os quais impulsionem
seu crescimento e sua alavancagem econômica, capazes de lhes tirar
deste cenário de paralisia produtiva, composto por baixos salários,
pouca diversificação e inovação e pesada centralização da
unidade produtiva nas mãos de poucos grupos empresariais, que se
estabeleceram em uma contramão quase oligopolista (monopolista, no
sentido teórico e conjugal do termo, segundo as teorias
microeconômicas), impondo verdadeiros sítios mercadológicos,
fechados, prejudiciais à saúde de qualquer teórico ou estudioso da
área de Gestão de Pessoas ou de Gestão Organizacional e, que o
diga, de profissionais da área.
Os níveis de
empregabilidade da economia natalense são baixíssimos e os salários
pagos para profissionais de formação superior ou competidos à
assumir cargos estratégicos nas organizações são vergonhosos. É
triste conviver com uma realidade onde colegas de profissão e de
formação ganham o mesmo que um profissional que sequer concluiu o
ensino médio! Alguma coisa está errada e não adianta atribuir tal
falácia à ganância dos empresários locais pela maximização de
seus lucros ou pela mesquinharia de dar ênfase aos seus amigos,
familiares e parceiros, quando vivemos em uma realidade onde posto de
combustível e empresa do transporte urbano rodoviário fazem toda a
diferença na geração de receita para o governo e até na geração
de empregos.
As nossas instituições
da administração pública direta e as nossas agências de fomento
são fraquíssimas. Limitam-se à promoções de eventos e, quando
não, elaboram programas de pesquisa e consultoria empresarial
fazendo uso de recursos públicos com o mínimo de compromisso com a
geração de resultados, com a formação de uma massa empreendedora
espessa e com a consolidação de um programa que estimule de verdade
a concepção da inovação e da reinvenção empresarial em uma zona
ainda pouco explorada, do ponto de vista econômico.
Veja só: em uma
economia cuja demanda agregada, em mais de 70%, o é oriunda da
mão-de-obra intrínseca do serviço público, por que um programa de
estímulo às vendas, como o Liquida Natal, recolhe-se à sua
insignificância não maior do que uma semana de realização? A
economia composta por organismos privados (empresas e entidades fora
do serviço público) necessita de estímulos e de incentivos e isto
começa com a ponte que intersecta o público do privado: o mercado
consumidor. Sim, os salários pagos pela esfera pública potiguar não
deixam de ser salários e fontes de recursos que o são canalizados
para o consumo dos produtos e serviços ofertados pelas empresas.
Elas, as empresas, são as responsáveis pelos números referentes à
geração de empregos e pelo crescimento real da economia. E não o
serviço público.
Esta é a lei
fundamental da macroeconomia, que necessita e pede atenção de
nossos organismos governamentais e entidades de fomento. A CDL errou
em promover o Liquida Natal em apenas uma semana. O empresariado
local necessita de estímulos às suas vendas e, nossa mão-de-obra,
de emprego e renda. Também, tem, este ultimo, que articular-se
melhor, na conjuntura de sua classe, com o maior fim de enraizar na
cultura econômica local e regional a realização de concessões e
eventos tais quais este – o Liquida Natal. Pelo bem de si e não
dos defensores do Bolsa Família!
Ou, do contrário,
continuaremos recolhidos aos nossos insignificantes 2% de crescimento
anual da nossa economia.
Por: Andesson Amaro Cavalcanti
Em: 11/09/2012
Objetivo: www.LigadosFM.com
Confira a ultima coluna Mundo Cão: 39º Mundo Cão - Eleições: uma Questão da Pobreza e não da Nobreza
Comentários