24ª Entrevista Literária - Daniel Násser

Daniel Násser nasceu em Macau/RN, no ano de 1985. Filho de uma família de pequenos comerciantes, iniciou os estudos tardiamente, aos seis anos. Adquiriu rapidamente capital intelectual e demonstrou grande desenvoltura nos estudos, pois, apesar do precário ensino na comunidade de Diogo Lopes, ao fim do mesmo já sabia ler, isso de forma muito acima da média. Permaneceu até o 6º ano frequentando as escolas do município. No ano seguinte recebeu uma bolsa de estudos no Centro de Educação Integrada Monsenhor Honório, aonde veio a finalizar os estudos. Foi neste período que descobriu sua paixão pela arte de contar estórias, desenvolvendo algumas criações voltadas para os quadrinhos macauenses, mas sem conseguir êxito. Após a conclusão de seu curso Técnico Contábil, ingressou no ano seguinte na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, no curso de Administração. Desta época também provém seu primeiro romance (ainda não publicado) “A Hora das Fadas” (2001), que foi o responsável pelo surgimento da amizade entre o autor e seu principal incentivador, Benito Barros. Trabalharam para a construção deste livro, mas sua publicação se tornou inviável, devido à falta de apoio para as artes na cidade. Násser passou a trabalhar em um novo romance, mais amadurecido do que o de outrora, e contando com o apoio de Marc Alfons Adelin Ghijs, médico e advogado, além de Benito e Getúlio Moura, o autor lançou, depois de um hiato de seis anos, “A Ordem da Rosa Branca: O Enigma do Anel” (ICEC, 2007), a primeira parte de uma trilogia que esta sendo construída e alicerçada com muito estudo e pesquisa bibliográfica, a qual o autor tem se dedicado nos últimos três anos. Recentemente tem mantido um blog de textos diversos, o Sub Rosa, onde publica seus próprios escritos, além de outros autores, com ênfase nos Macauenses, tanto os ilustres como os desconhecidos. Colaborou com a revista virtual Terrorzine na edição de número 26, com o conto “Notas de um naufrágio”, e trabalhou como editor do Livro “Insight”, do poeta José Ribamar da Silva Filho.

O autor Daniel Násser

Ligados: Quem é Daniel Násser? 

Daniel Násser: Inicialmente uma pessoa criada para resguardar o autor das consequências de sua arte. Posteriormente, ganhei um espaço maior do que o planejado, chegando em alguns momentos a eclipsar a minha pessoa (risos). Um artista em busca de uma verdade, de um mundo idealizado que existe na sua mente, um sonho que se desfaz e se refaz todos os dias. 

Ligados: Fale um pouco sobre o seu livro “A Ordem da Rosa Branca – O enigma do Anel”, lançado pela Imperial Casa Editora da Casqueira. 

Daniel Násser: "A Ordem da Rosa Branca – O Enigma do Anel" foi (e ainda é) uma empreitada arriscada e desafiadora. Um complexo encontro de personagens de vários romances da literatura fantástica (esta ainda tão subvalorizada pelos autores da chamada “elite”), passado numa Macau histórica e mítica, com ilustres habitantes da cidade e muito mistério. É a primeira parte de uma trilogia que estou dando continuidade no momento (lentamente, diga-se de passagem) e que exige de mim uma quantidade de estudo bibliográfico muito grande. 

Ligados: Como você conheceu a literatura? Houve algum acontecimento especial em sua vida que o fez criar enorme apreço pelas letras? 

Daniel Násser: A literatura veio a mim de forma tardia. Havia lido um único livro quando completara meus 15 anos. “Vinte Mil Léguas Submarinas”, de Jules Verne. Então uma professora de redação atiçou minha curiosidade sobre um romance nacional que envolvia uma traição não esclarecida (e que segundo ela, cada qual entendia de uma forma). Comecei a ler “Dom Casmurro” na mesma semana e nunca mais parei de ler. Sempre digo que eu, tal qual Bentinho, fui enfeitiçado pelos olhos de ressaca de Capitu. (Risos). 

Ligados: Como você enxerga o mercado editorial brasileiro, principalmente sendo um novo autor em busca de um lugar ao sol? 

Daniel Násser: O mercado editorial brasileiro possui muitas trincheiras para os novos autores. As grandes editoras não querem arriscar investir em algum desconhecido (mesmo que o material apresentado por ele tenha qualidade), preferindo produzir obras de autores já conhecidos ou nichos que notoriamente atingem uma massa da população bem maior, seja por qual motivo for. Então a nós, iniciantes, resta o amparo das pequenas e independentes editoras que se arriscam em publicar novos trabalhos e autores. A tendência é que vá mais e mais se afunilando e que mais gente boa se perca por falta de oportunidade. 

Ligados: A internet é uma aliada quando o assunto é divulgação? 

Daniel Násser: A internet é, com certeza, uma ferramenta que facilita, e muito, a divulgação de nosso trabalho. Seja a publicação de pequenos textos em blogs e redes sociais, seja divulgação de lançamentos e eventos relacionados. No último evento que foi realizado pela ICEC (Imperial Casa Editora da Casqueira) nós conseguimos uma divulgação excelente via redes sociais e afins e uma boa participação popular no lançamento dos livros “A Torre Azul” (Horácio Paiva), “20 Sonetos Impuros e Outros Poemas” (Alfredo Neves) e “A Guerra da Coréia” (Benito Barros). 

Ligados: Como é sua rotina para criar? Escreve somente quando a ideia surge ou há uma espécie de preparação? 

Daniel Násser: As ideias, estas traiçoeiras companheiras que surgem do nada e para ele voltam! (risos). Um grande amigo e poeta por quem nutro uma admiração muito grande, Getúlio Vargas M. Barros, me disse uma vez que uma ideia quando surge deve ser agarrada com todas as forças, pois elas se perdem com a mesma facilidade com que surgem. Algumas ideias têm este aprisionamento ao instante e outras não, outras devem ser trabalhadas, estudadas e reescritas muitas e muitas vezes antes de serem consideradas dignas de serem lidas. 

Ligados: Em sua opinião, é possível viver de literatura em nosso país? 

Daniel Násser: Nem mesmo sobreviver! (risos). Para se viver de arte no nosso país, seja ela qual for, é preciso ser uma das grandes e ilustres pessoas do cenário, para que este espaço possa se manter aberto, em expansão ou pelo menos que proporcione alguma estabilidade. 

Ligados: Como você recebe as críticas em relação a sua obra? 

Daniel Násser: Eu tento absorver as críticas da melhor maneira possível. É claro que não é nem um pouco agradável ler alguém que esmiúça seu trabalho e aponta seus erros, suas falhas. Se isso for feito de uma forma a engrandecer seu trabalho futuramente, agradeço aos autores destas críticas. Mas se estas críticas vierem de forma a denegrir o meu trabalho e sem acrescentar nada, procuro não levar em conta. 

Ligados: Quais os teus planos daqui para frente? Um segundo volume do “A Ordem da Rosa Branca” pode ser ambientado, ou está focado em outros projetos no momento? 

Daniel Násser: Como já falei anteriormente, existe todo um trabalho sendo desenvolvido em torno de um novo volume de “A Ordem da Rosa Branca”, que procura beber mais na fonte da literatura fantástica nacional (sim, ela existe!). Autores como Machado de Assis possuem diversos contos na área e que são pouco divulgados, frequentemente esquecidos em suas antologias. Há algum tempo tenho me dedicado ao trabalho de editor. Nesta função, já produzi o livro “Insight” (ICEC, 2012), de José Ribamar da Silva Filho, e atualmente estou trabalhando em um projeto que aguardei durante muito tempo: “Metamorfoses”, de Aldenira de Oliveira. Esta é realmente uma fantástica poetisa, até o momento inédita, e que merece ser conhecida por quem gosta de uma boa poesia.

Perguntas rápidas: 
Autor(a): Gabriel Garcia Márquez;
Ator(Atriz): Fernanda Montenegro; 
Cantor(a): Elis Regina; 
Música: Todas do Chico Buarque;
Filme: “Casa de Areia”. 

Links na internet: 

Ligados: Deseja encerrar com mais algum comentário? 

Daniel Násser: Gostaria de agradecer a oportunidade de poder falar um pouco do trabalho que venho desenvolvendo ao longo desta minha jornada. Parabenizar a vocês por este trabalho de valorização e estímulo da cultura da nossa região, que é sempre muito importante.


Autor: Thiago Jefferson - Criação: 08/02/2013 - Objetivo: www.ligadosfm.com

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