Segundo a
revista Exame, 55% dos brasileiros querem ter seu próprio negócio. 10% da
população brasileira paga sua contas com Marketing de Rede de alguma forma,
isto, espelhado na realidade americana, que gira em torno de 20%. De todos os
setores afetados pela ultima crise econômica global de 2008, o seguimento de
MMN (Marketing Multi Nível) foi um dos poucos não afetados e que apresentou
crescimento acima da média da indústria.
Ou seja, não
é de se tirar o mérito deste segmento que oferece rentabilidade no curto prazo,
altíssimas taxas de retorno e baixo capital para investimento. Melhor dizendo,
trata-se de um segmento que está mais acessível às classes mais baixas (ou à tradicional
classe média) do que o mercado financeiro ou de venda de produtos de
investimento dos bancos. Há programas de relacionamento em rede em que o
capital de entrada é menor do que R$ 600,00 e oferece ganhos unitários mensais
de que variam entre R$ 60,00 e R$ 100,00 (ou seja, taxa de retorno equivalente
a pelo menos 10% do capital investido em apenas 30 dias – maior do que qualquer
rendimento da poupança, dos fundos de renda fixa, CDBs e até papeis negociados em
bolsa).
Há pessoas
que questionam a veracidade desses ganhos e a sustentabilidade deste tipo de
negócio. Mas, vem cá! Desde quando o mercado financeiro, a compra e venda de
ações ou a aplicação em fundos de renda fixa também são sustentáveis ou verossímeis,
do ponto da lógica industrial e do mercado financeiro?
Se pararmos para
pensar melhor, a base de sustentação dos negócios multi níveis está na
produção, compra e venda de produtos e na aplicação de recursos da parte de uma
parcela de investidores disposta a tal. Melhor dizendo, a lógica da
sustentabilidade dos negócios em Marketing de Pirâmide (cuidado para não
confundir com Pirâmide – ou Ponzi) é quase a mesma do mercado de ações. A
diferença, contudo, está na lógica da especulação de um papel que não para de
se valorizar enquanto que a escala de ganhos, lucro e de produção das empresas
de capital aberto continuam constantes.
No fim das
contas, a lógica dos ganhos e das perdas em negócios em rede é diretamente proporcional
ao grau de oportunismo e de sapiência dos investidores lá na BOVESPA, em Wall
Street ou na Nasdaq. Assim como nas ações e debêntures, ingressar em uma rede
de relacionamentos na forma de uma pirâmide exige jogo de cintura e
conhecimento de mercado, a fim de que se saiba aproveitar a melhor oportunidade
possível, no melhor tempo e com a melhor ótica de ganhos. Uns perdem e outros
ganham.
No mercado
acionário, a indústria continua produzindo a mesma coisa, os custos continuam
os mesmos e às vezes até a receita cai. Mas, a especulação não permite que o
preço dos papei sigam na mesma direção e lançam seus esforços para intervir na
naturalidade da lei da oferta e da demanda. As chances de ganhar coexistem com
as de perder. Isto é o risco, como em qualquer mercado...
O inconveniente
nisto tudo é pessoas de negócios correlatos desqualificar esta modalidade de
mercado, sobretudo, quando o próprio mercado, nos seus moldes tradicionais, não
merece o crédito da nossa lógica. A começar que o mesmo não é para pessoas de
baixa renda ou capital para investir; produtos de baixa qualidade com altas
margens de lucro, baixo custo e produto da mesma lógica de compra e venda;
pouco civilismo na concorrência e desrespeito à qualquer princípio moral ou
ético em termos de respeito ao meio ambiente, à vida, à cultura e às pessoas.
Não é que o
MMN seja isento disto. Pelo contrário, compartilha da mesma arrogância. Não
deixa de lado aquelas amarras oportunistas e cheia de lobby, que, de tanto
pregar contra a maior participação do Estado na defesa da cidadania, acaba entrelaçando-se
e sendo confundido com ele. Ou seja, é tudo pirâmide, no fim das contas.
Por:
Andesson Amaro Cavalcanti
Em:
05/02/2013
Objetivo: www.LigadosFM.com
Confira a
ultima coluna Mundo Cão: 60º Mundo Cão – Em respeito à corrupção e àincompetência
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