33ª Resenha Crítica - Presságio: O Assassinato da Freira Nua

 Saudações, queridos leitores! Hoje trago para vocês a resenha do livro Presságio – O Assassinato da Freira Nua, quinta obra de ficção do já veterano escritor Leonardo Barros, autor de Amor de Yoni (2008), O Maníaco do Circo (2009), Saúde, Beleza, Prosperidade e Riqueza (2010) e Solteiro em Trinta Dias (2011).



O thriller acompanha Alice, jovem de vinte e seis anos que, atormentada por constantes visões, acredita ter o dom da clarividência. Em um dos seus presságios, lhe foram mostrados fatos reveladores sobre um caso de assassinato, os quais lhe fazem desconfiar que aquele preso como culpado não é o verdadeiro assassino. Buscando revelar a verdade, a garota se envolve na investigação, embora não recebendo muita credibilidade e sendo considerada louca.

Com uma narrativa instigante, conforme vai tendo andamento a solução do mistério, somos forçados a pensar se aquilo que Alice vê é mesmo verdade ou somente um delírio. Em meio a isso, toques de comédia e erotismo vão pintando essa trama de mistério cheia de reviravoltas.

Contando com a sua experiência enquanto escritor, Leonardo Barros mostra uma maestria na arte de contar histórias. A cada capítulo, o leitor se vê cada vez mais envolvido e obcecado pelo final, com um tipo de tensão que faz com que sintamos exatamente aquilo que sente a protagonista e fiquemos tão perturbados quanto ela com as situações com as quais se depara. Podemos sentir na pele o peso de cada descrição psicológica. O mesmo podemos dizer sobre Sócrates, o cético médico que também assume o ponto de vista da narração em alguns momentos.

Mas, nos personagens secundários de Presságio, a sexualidade pode ser dita o seu principal elemento constituinte, o que em certos momentos parece limitar-lhes a identidade a esse aspecto e alguns poucos outros que surgem sem alguma razão justificada. Dessa forma, não se observa grande profundidade e caráter redondo às personalidades de alguns coadjuvantes, fazendo com que se tornem caricaturas vivas. Embora dificulte o processo de identificação do leitor com os personagens, este não é um ponto em todo negativo, uma vez que contribui para o humor (embora este seja um tanto nonsense!) ao mesmo tempo que dispensa explicar detalhes irrelevantes ao enredo.

Mas, apesar dessa relativa superficialidade na caracterização, Presságio um ótimo romance policial, atendendo a tudo que é essencial ao gênero. Recorramos aos princípios que G.K. Chesterton considera de suma importância numa história de detetive: a revelação como motivo da história, a simplicidade como alma da ação, a familiaridade com o fato e o culpado, o direito artístico de o culpado estar em cena e a ideia inicial como anterior à história.

A revelação de fato está como motivo de Presságio, antes de ser este a confusão. Afinal, são as visões de Alice que levam ao desenrolar da trama, não o mistério do assassinato (que é apresentado pela polícia como resolvido. Assim, há desde o início, a revelação como motivo. Porém, antes disso há uma confusão que logo desmorona e perde o poder nos olhos do leitor,

O desenvolvimento da história revela fatos simples, com motivos não tão obscuros quanto aqueles à primeira vista apresentados. Um serial killer de freiras? Oh, não! Há algo muito mais simples por trás de tudo isso, e é nisso que reside o mérito de Presságio enquanto thriller.

Os fatos e os culpados são, desde o início, familiares ao leitor: a protagonista estava na festa, conhecia a vítima e pôde observar através do presságio como tudo aconteceu. E o criminoso? Esteve o tempo todo em primeiro plano, mas não na qualidade de culpado.

Quanto ao quarto princípio, este está mais do que claramente bem utilizado, como acima expliquei: o verdadeiro culpado participa da história, é um velho conhecido sempre ocupado no seu ofício, acima de qualquer suspeita.

Por último, temos, uma ideia que toma forma antes da história, isto é, o dom da clarividência de Alice, que vem como ponto de partida para o desenvolvimento da história. Se fosse Presságio – O Assassinato da Freira Nua a mesma história, mas com uma protagonista sem este dom, certamente não teria o mesmo encanto. O autor conseguiu, portanto, desenvolver com sucesso a trama ao colocar esse elemento fantástico num lugar central e imprescindível como elemento motor.

Tendo, enfim, satisfeitos todos os critérios acima, alguns plenamente e outros parcialmente, podemos afirmar que o livro atinge o seu objetivo enquanto uma narrativa de suspense.

Presságio - O Assassinato da Freira Nua é um livro que merece ser lido por todas aqueles que buscam histórias repletas de mistério, ação e um tanto de sobrenatural. Que tal dar uma conferida?

Para mais informações sobre o livro, visitem:


Autor: André Rodrigues | Criação: 03/03/2013 | Objetivo: www.ligadosfm.com

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