34ª Entrevista Literária - Sacolinha

Ademiro Alves, ou Sacolinha, como é mais conhecido, nasceu em 1983 na cidade de São Paulo, e reside atualmente em Suzano. Formado em Letras pela Universidade de Mogi das Cruzes, é escritor, autor dos livros “Graduado em marginalidade” (Edição independente, 2005. 2ª edição pela Confraria do Vento, 2009); “85 letras e um disparo” (Editora Ilustra, 2006. 2ª edição pela Global, 2007); “Peripécias de minha infância” (Editora Nankin, 2010); “Estação terminal” (Editora Nankin, 2010); “Manteiga de cacau” (Editora Ilustra, 2012) e “Como a água do rio” (Editora Aeroplano, 2013). Trabalhou, por oito anos, na secretaria de cultura do município de Suzano, onde desenvolveu inúmeros projetos de incentivo à leitura e de divulgação de novos escritores, com destaque para o “1º Salão Internacional do Livro de Suzano”. Atualmente tem viajado pelo país fazendo palestras e ministrando oficinas, principalmente em lugares vulneráveis, como cadeias, penitenciárias, favelas, morros e associações de moradores. Desenvolve ainda uma palestra por semana nas escolas públicas do estado de São Paulo.

O autor Sacolinha - Foto Divulgação

Ligados: Quem é o Sacolinha?

Sacolinha: Tenho 29 anos, nasci na cidade de São Paulo e sou formado em Letras pela Universidade de Mogi das Cruzes. Escritor, autor de romances e livros de contos. Em minha trajetória já estive em programas de televisão como o do Jô Soares (TV Globo), Provocações, Metrópolis e Manos e Minas (TV Cultura). Ganhei vários prêmios por meus livros e projetos. Desenvolvo ainda uma palestra por semana nas escolas públicas do estado de São Paulo.

Ligados: O Jornal do Unificados publicou, tempos atrás, uma entrevista contigo intitulada “O homem que roubava livros”. De onde surgiu este título, e qual a relação do mesmo com o início do seu interesse literário? 

Sacolinha: É que no inicio, assim que eu comecei a ler, eu pegava escondidos os livros do meu tio, que não queria me emprestá-los. Mas eu acabava gostando dos livros e não os devolvia. Daí o título de ladrão de livros. Mas, como no Brasil ninguém rouba, desvia, então eu nunca roubei livros, eu desviei.

Ligados: Em 2002 você começou a esboçar suas ideias em papel, tendo lançado, três anos mais tarde, a primeira obra, “Graduado em marginalidade”. Passado pouco mais de uma década, seguiram outros cinco livros, de gêneros variados. Poderia fazer uma síntese a respeito deles? 

Sacolinha: São 6 livros até agora:

GRADUADO EM MARGINALIDADE – Romance Urbano Contemporâneo que narra o amadurecimento precoce do jovem VANDER e toda sua trajetória de vida, até atingir o degrau máximo da marginalidade. No final, como todo graduado recebe um diploma, qual seria, então, o diploma de um graduado na marginalidade?

85 LETRAS E UM DISPARO – Global Editora: Livro de Contos que versam sobre variados temas da sociedade, inclusive aqueles que muitos insistem em não debater.

PERIPÉCIAS DE MINHA INFÂNCIA – Editora Nankin: Romance Infanto-Juvenil que narra a infância e a adolescência de ARTUR, personagem de família pobre, criativo e viciado em felicidade.

ESTAÇÃO TERMINAL - Editora Nankin: Romance Contemporâneo que narra o dia a dia de um terminal de metrô, terminal no sentido em que os personagens encerram a sua vida ora se acomodando, ora morrendo.

MANTEIGA DE CACAU – Editora Ilustra: Livro de contos que tratam das crises e dos conflitos do universo masculino.

COMO A ÁGUA DO RIO – Editora Aeroplano: Biografia que narra a trajetória de vida e literária do escritor Sacolinha até os 28 anos de idade.

Ligados: E quanto ao pseudônimo Sacolinha? 

Sacolinha: Era um apelido que ganhei quando trabalhava como cobrador de lotação. Depois que me tornei escritor acabou que o apelido virou pseudônimo, já que todos me conheciam assim.

Ligados: O tipo de literatura que você vem desenvolvendo, juntamente com autores como Rodrigo Ciríaco e Sérgio Vaz é, por vezes, rotulada de “Marginal” e/ou “Periférica”. Embora você rejeite este estereótipo, concorda que muitos jovens começaram a ler pela identificação com o movimento e o termo que o nomeia? 

Sacolinha: Claro. Não só concordo como sou o entusiasta dessa ideia. Sou um incentivador da leitura, estou e vou a lugares que muitos escritores e acadêmicos não vão nem sob ameaças de morte. Portanto, toda e qualquer ferramenta de incentivo à leitura é válida. Essas vertentes da literatura são uma referência pra molecada da periferia, que veem a literatura como algo chato e disciplinar. Quando ele vê um cara como ele, negro, rapper ou da favela, fazendo uma literatura com um nome familiar, marginal, periférica, maloqueira, negra e etc., a identificação é imediata. Logo ele vira leitor, e muitas vezes escritor.

Não creio que isso seja um estereótipo. Para mim é mais um rótulo, e já tenho rótulos demais. Também não tenho problemas com isso. Só não rotulo o que eu escrevo, mas os leitores, jornalistas e acadêmicos podem rotular como quiserem. Eu é que não saio dizendo que faço literatura A ou B.

Ligados: Como era o seu trabalho na Secretaria de Cultura de Suzano? Foi uma boa experiência, tanto pessoal como profissional? 

Sacolinha: Nos oito anos que passei lá como Coordenador Literário creio que consegui despertar toda uma cidade para os livros e para a literatura. Surgiram leitores e escritores, muitos escritores. Alguns já existiam, mas somente dentro de suas casas. Já outros foram nascendo, através das oficinas de criação literária, dos saraus e das provocações de escritores que eu trouxe para a cidade. Encerrei minha participação naquela secretaria com a realização do 1º Salão Internacional do Livro de Suzano, um grandioso evento em torno do livro, dos escritores e das pessoas.

Ligados: O que anda lendo?

Sacolinha: José Saramago, Guimarães Rosa e José Lins do Rêgo.

Ligados: Que conselho você daria àqueles que estão começando o processo de escrita?

Sacolinha: Leia! A única fonte legítima de ensino e de inspiração para um escritor são os livros que ele lê. Não acredito em autor que não é antes um bom leitor.

Ligados: Quais os seus planos para o futuro? Algum projeto em andamento? 

Sacolinha: Estou tentando me dedicar ao meu novo romance, mas as palestras não deixam.

Ligados: Gostaria de encerrar esta entrevista com algum comentário?

Sacolinha: Se quiserem saber mais sobre meus projetos, acessem: www.sacolagraduado.blogspot.com.



Autor: Thiago Jefferson - Criação: 23/08/2013 - Objetivo: www.ligadosfm.com

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