1ª Sopa de Letrinhas - A humanidade e seus falos

A humanidade e seus falos

         Vamos supor um individuo de 23 anos de idade, estudante de alguma universidade pública, com emprego, carro próprio, casa própria e alguns planos para a vida. Tendo ele conquistado tanto para sua pouca idade, seria ele um Homem? O que nos faz classificar alguém como Homem? Seria sua habilidade para sobreviver? Suas aptidões e capacidades mentais? Ou uma família bem estruturada seria a resposta?

Eu sinceramente não sei a solução, mas tenho muitas criticas quanto a nossa percepção deturpada de ser Homem e estar homem.

Recentemente, tive contato com um conto do Richard Wright, traduzido para o português como “O homem que era quase um homem”, e publicado primeiramente no ano de 1961; que me levou a refletir sobre os símbolos e como dependemos deles para nos sentir seres mais completos frente à sociedade.

Neste texto, o protagonista de dezessete anos vive no campo e embora tenha seu próprio trabalho e dinheiro vive com sua mãe e família e sente a necessidade de possuir uma arma para se sentir um homem de fato.

Um exemplo do campo, principalmente quando lembramos da década em que este texto foi escrito e retrata. Uma marca de transição, onde o adolescente desaparece e o homem se define perante aos outros. Situação que se analisarmos mais intimamente se assemelha a outros rituais de passagem de nossa linha da vida.

É através de símbolos que provamos nosso sucesso em um aspecto social, pense na nossa breve infância, onde competimos com as outras crianças em comparações engraçadinhas de quem tem a melhor lancheira, ou um pouco mais adiante, quando na escola fundamental nos envergonhamos da lancheiras coloridas e comida caseira para nos render a cantina da escola. Pense ainda mais adiante, em nossos 13 a 16 anos, em que roupas de bandas e cortes de cabelos eram nossas ferramenta para ser ou não ser grandes na comunidade, tudo claramente mensurado por um termômetro chamado popularidade.

Estes são exemplos que se repetem em ‘jovens adultos’, adultos, quarentões, sessentões e depois, e depois... Conceitos ilusórios de que o Homem é um símbolo material, como um carro, um trabalho ou uma casa qualquer...

Entretanto, estas ilusões são quebradas na vida real assim como no texto de Richard Wright, que faz com que, no uso indevido de seu símbolo de poder, masculinidade, respeito e independência, o protagonista acabe por atirar acidentalmente em uma mula e sendo ridicularizado por seus companheiros.

Por isso, afirmo que não é o hábito que faz o monge, mas o monge que faz o hábito! E sugiro que, embora uma boa situação financeira ou de prestígio social sejam troféus de um homem bem sucedido, elas não substituem virtudes como honestidade, bondade, humildade, tolerância, que não apenas classificam o homem Homem, mas que definem seres humanos!

Autor: Felipo Bellini Souza     Criação: 28/12/2011   Objetivo: www.ligadosfm.com

Comentários

Coisas de Ceci disse…
Nesta terra do APARECER TER (NATAL) muitos avaliam suas amizades pelo o status financeiro que as pessoas parecem possuir. Os valores morais são esquecidos,engavetados diante dos apelos consumistas da sociedade.
Sharline disse…
Realmente os valores estão esquecidos! Valores como honestidade e outros que você citou, pois a pessoa que demonstra tais virtudes é tida como idiota, em nossa sociedade de "espertos". Homem pra mim, ser humano, é aquele que reflete, dialoga, procura apenas a vantagem de ser bom...
Leilson Silva disse…
Conheci uma pessoa que sempre diz que seus amigos se importam apenas se você aparenta ter dinheiro (um cartão emprestado pode resolver tudo srrssr), então, parecer vale mais que ter.Assim, status é o essencial.Gostei do texto!Abraços!Ser homem é ser bizarro, estranho, porém é ser você!(Uma coisa bem Pitty)
Demonstre disse…
Concordo, as vezes somos nos sentimos ridículos por ter atitudes altruístas, isso é tão paradoxal!
Camila disse…
Hoje a moda é dizer que ser humano de verdade é ser honesto, sincero, trabalhador, etc e etc. As pessoas sabem, compartilham nas redes sociais, mas agem de forma totalmente diferente, através dos símbolos refirods no texto. O que mais falta para parar de pensar e "compartilhar" para agir de fato?
Demonstre disse…
Concordo em gênero, numero e grau com você camila!!